Como as Relações Familiares Afetam o Comportamento das Crianças, Segundo Estudo

Uma pesquisa está explorando o impacto das relações conjugais, coparentais e parentais nos problemas emocionais e comportamentais das crianças. As descobertas até agora indicam que não apenas a dinâmica entre pais e filhos afeta o comportamento das crianças, mas também as relações entre os pais e as estratégias coparentais. Práticas parentais punitivas e conflitos familiares intensos já foram associados a efeitos negativos no desenvolvimento infantil. No entanto, a professora Clarisse Mosmann, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Unisinos, acredita que ainda há muito a ser entendido sobre a natureza e a extensão dessas relações.

A pesquisa, intitulada Relações conjugais, coparentais e parentais: repercussões e impacto em problemas emocionais e de comportamento dos filhos”, tem como objetivo desenvolver uma base teórica e clínica mais sólida para melhorar o diagnóstico das relações conjugais, coparentais e parentais e seu efeito sobre o desenvolvimento de sintomas clínicos nas crianças. Em outras palavras, busca analisar várias variáveis nos relacionamentos familiares para compreender e mapear o desenvolvimento desses sintomas.

A pesquisa define três tipos de relacionamentos: conjugal (entre marido e mulher), coparental (a forma como os pais dividem a responsabilidade de cuidar dos filhos) e parental (a relação individual de cada pai com o filho). O estudo se divide em duas fases: uma quantitativa, que envolveu 100 casais com filhos de quatro a 18 anos no Vale do Rio dos Sinos, e uma segunda fase, ainda em planejamento, que visa desenvolver, implementar e avaliar um programa de intervenção clínica conjugal e familiar.

Na primeira fase, os pais responderam a um questionário que avaliou os sintomas emocionais e comportamentais de seus filhos. Os resultados identificaram diferentes grupos de pais com base nas percepções dos sintomas das crianças, com 18 famílias apresentando sintomas psicológicos clínicos em seus filhos.

A segunda fase consiste em oferecer intervenções terapêuticas para casais com relações disfuncionais que afetam seus filhos. O programa envolve oito sessões terapêuticas e será avaliado quanto à sua eficácia e estabilidade das mudanças nos padrões de interação conjugal e nos sintomas das crianças.

Os resultados iniciais destacam que a competição e conflito coparental, bem como práticas parentais intrusivas e coercitivas, têm um impacto significativo no desenvolvimento de sintomas nas crianças. Por outro lado, a cooperação e a divisão eficiente de tarefas entre os pais podem proteger as crianças contra o desenvolvimento de sintomas.

Em resumo, essa pesquisa busca entender melhor como as dinâmicas familiares afetam o bem-estar emocional e comportamental das crianças e desenvolver estratégias de intervenção para melhorar a qualidade dos relacionamentos e prevenir problemas futuros.

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